A morte é a coisa mais segura e firme que a vida inventou até agora*

Michelangelo Antonioni, com 94 anos. Finou-se no mesmo dia de Bergamn. A 7ª Arte estará decerto mais pobre.
De Antonioni-realizador só vi “Deserto Vermelho”. Na altura não compreendi os personagens, aquela fábrica que tomou conta do ecran, da paisagem de ambiente carregado de fumos e sem Sol que envolvia toda a estória, sem uma estória. É sobretudo isto que conservo na memória. Hoje sei o que significa a palavra alienação. Era portanto um filme que não estava ao meu alcance entender na altura. Mesmo hoje, seria um filme que eu não repetiria. Não é o meu género.
Lembro que, nos anos 70, à saída dos Cinemas era costume olharmo-nos uns aos outros para trocarmos cumplicidades, entendimentos. No entanto, “entrar muda e sair calada” era uma frase que se ouvi e repetia nesses anos, por outros que, idênticos a mim, iam ver um filme a um Cinema porque gostávamos de Cinema. Queríamos era perceber a estória. Queríamos comentá-la a seguir. Queríamos tema para falar durante algum tempo, com os amigos, a família e até no trabalho. Leve ou mais pesada, queria uma estória. Foi difícil digerir este filme. Para além de muda e calada, saí sufocada.

Pelo respeito ao profícuo trabalho cinematográfico que não compreendi, de um homem que viveu mais 90 anos e que cruzou a minha existência através de apenas um filme, deixo aqui o meu testemunho.

*Emil Cioran

1 comentário:

Tiber disse...

Olá
Partilhamos o mesmo "não gosto" do antonioni...Não vi o Deserto Vermelho, mas vi salvo erro Blow-up, um filme que ficou famoso por aparecer a Jane Birkin nua...Não me lembro muito do filme...Nem sequer da Jane Birkin...
Quanto ao Bergman, também não apreciava muito...Acho que o ultimo filme dele que vi foi Fanny e Alexandre, em DVD há já algum tempo, mas também não me ficou muita coisa...
No entanto, reconheço que de uma assentada, o mundo ficou sem dois dos seus maiores realizadores o que torna a 7ª arte mais pobre...

Abraço
Tiber