O feriado que soleniza o 25 de Abril de 1974, é um dia de Festa para mim. Só uma vez por ano, recordo e revivo a Festa que mudou o Portugal há mais de 30 anos. Havia sido criada a condição para mudar o ser português. Se ele quisesse, teria aproveitado a oportunidade.
É a comemoração do "dia do encontro para divergirmos em LIBERDADE".
Posso não calar e indignar-me em voz alta e publicamente, sem medo de ser presa.
Posso sonhar acordada a utopia na ilusão de uma sociedade sem classes, da felicidade.
Posso lamentar e comentar que achei péssimo os nossos representantes tornaram dispensável a referência aos Capitães de Abril nos discursos que tiveram na Assembleia da República.
Posso comover-me quando lembro a imagem de SALGUEIRO MAIA, um homem sem medo e de peito aberto.
Posso livremente trocar memórias contrastadas e consensuais.
Posso cantar neste dia GRÂNDOLA VILA MORENA COM CRAVO VERMELHO AO PEITO, em terreno comum com outros desconhecidos que eu evito no dia-a-dia, por receio.Comemorar o ABRIL, é recordar os Capitães que fizeram a Revolução. O leme desta jangada não ficou nas mãos dos "coronéis"; foi entregue ao Povo, com o desígnio da introdução à Democracia - do grego demos (povos) kratos (poder).
Numa frase famosa, democracia é o "governo do povo, pelo povo e para o povo".
Ora, Democracia opõe-se à ditadura e ao totalitarismo, onde o poder reside numa elite auto-eleita, o que existia nos 24 de Abril, antes de 1974. Seguramente, nós fizemos com ela o que somos e o que temos. Um País desapaixonado, onde se agitam os xicos-espertos-novos-ricos.
Volto a lembrar-me, como há menos de 1 ano atrás, do poema de Alegre. Tiraram o "R" de Revolução... a "evolução" tem sido a que assistimos - nas Universidades, nos Autarquias, nos Partidos, nos Governos ... Apesar dos pesares eu posso deixar tudo escrito aqui e agora, sem medos.
Ontem ouvi e vi e acompanhei a cantoria de Zeca Afonso, Fausto, Júlio Pereira, Janita e Vitorino, Sérgio Godinho e muitos mais... e limpei lágrimas de saudade.
Hoje, não quero comentar as palavras do Presidente da República Portuguesa. Só me senti triste e desapontada com o papel que representou. Afinal, noutras ocasiões já me desapontaram Mário Soares e Jorge Sampaio, quando também o afirmaram. Então o local para a comemoração do 25 de Abril de 1974 é errado? Mas a Assembleia da República está a funcionar por causa do 25 de Abril de 1974!
Não me estragaram a Festa. Não me obriguem a ir para a rua gritar... 25 de Abril, sempre!
O meu Abril é com "R" e para sempre
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
olá Guidinha.
Parabéns pelo texto,
sei interpretar, mas sou "iletrada" como o Zé Povinho.
adorei estes posts sobre o 25 de Abril, também vi o Zeca e ouvi todas as canções de Abril, e gostei muito, mas, houve quem perto de mim visse só telenovelas, e eu achei uma tristeza.
Fico com um "toma!!!" do Zé Povinho para os oportunistas da LIBERDADE,
e um VIVA A LIBERDADE.
bjs da avó guida
Enviar um comentário