
E com a minha fragilidade e impotência sobre as adversidades - desgraças, desventuras, contrariedades, a minha própria debilidade - pode aparecer, parece, um pouco de solidão.
A solidão é estar só, na companhia de pessoas. Eu tenho conseguido dar a volta por cima. Teimo em ser feliz. À minha maneira, com o que disponho. A partir daqui, eu sou-me uma boa companhia :)
Tenho uma receita para a minha fragilidade.
É bom para mim retirar alguns minutos do dia-a-dia e propor-me gastá-los bem.
Dou como exemplos:
Fazer uma caminhada lenta e ver o que me rodeia.
Fazer um lanche de torrada com manteiga e canela.
Fazer uma sesta ou escutar música.
Ler um livro… ou pintar… ou bordar... ou cozinhar.
Sentar-me aqui e escrever o que sinto.
Ver fotografias que me levam a épocas boas da minha vida.
Sentar debaixo do meu alpendre lá na serra… ou dar-me ao Sol.
Abraçar alguém.
Brincar com a minha Bi, o meu animal de estimação.
Comunicar com os pardais que me desafiam voando e piando, aproximando-se de mim, chamando a minha atenção para eu lhes mandar migalhas, quando às janelas da traseira do meu prédio me ponho... e também com o Gaspar-cão que no terraço do 1º andar me cumprimenta com uns ão-ãos fortes e abanar de cauda, sempre que me pressente... e também com os gatos-moradores-vádios de olhares in-quietos-fixados-em mim, que aguardam que eu mande qualquer coisa para comerem...
Tudo isto eu posso fazer, aproveitando a minha fragilidade.
Uma ou mais do que uma destas actividades por dia é para mim um bom alimento espiritual. O alimento para a minha viagem. Passo parte do meu dia a dia sozinha-comigo e acompanhada pela minha Bi. Até ao entardecer, quase sempre. Até Marido chegar. O que não me afecta. Eu não deixo.
Também sou um animal gregário, sinto que preciso do meu rebanho. Por vezes não consigo chegar-me a mim própria. Então pego no telefone. Todos os dias falo com meus "amores". Com a senhora minha Mãe e com a senhora minha Sogra. E com as minha "amigas", as Primas... Hã! e há as sobrinhas. A V., a M, a S. Mas sempre muito ocupadas, sem novidades para contar à tia nem interesse em saberem das novidades que a tia teria para lhes contar. O que me entristece. Muito. Não penso muito nisso, todos os dias, claro. É só quando bate a melancolia :(
E assim vou viajando a minha vida, fazendo o meu destino. Sentindo-me frágil. Não importa. Sou humana.
Sem comentários:
Enviar um comentário