À memória de A.Arruda

Se ainda me ouvisse, dir-lhe-ia:
- Sabes, aquele momento que a gente pensa que chegou ao limite das próprias forças e que não vai mais conseguir avançar? Quando não contemos as lágrimas e nem devemos? E tudo parece um grande vazio? Esse momento que, não importa a nossa idade, pensamos - já é o fim?! E um desânimo enorme toma conta da gente? Esse momento, ao contrário do que parece, é justamente o novo ponto de partida!!! Se chegamos a um estado em que não avançamos mais, é porque devemos provavelmente tomar uma outra direcção. Quando chegamos a esse ponto, é sinal de que alguma coisa deve ser feita. Não esperes que os outros construam para ti. Planeja e faz! Eu sempre falo porque ouvi dizer que nós somos responsáveis pelos seus próprios sonhos. Nas obras da vida não precisamos de arquitectos. Com um pouco de imaginação e muito de boa vontade podemos reconstruir sozinhos a “nova casa” em que vamos morar. É humano sentir fragilidade. Às vezes é até mesmo necessário, para que nós tenhamos consciência de que não somos infalíveis, não somos super-pessoas! Mas seria desumano parar aí, agora. E injusto!!! Para os outros, mas principalmente para contigo mesmo!
Recomeçar é a palavra! Recomeçar de cada vez.
Recomeçar a cada dia. Recomeçar a cada queda. Recomeçar a cada final de uma estrada! Insistir!

Se alguém te feriu, cura-te! Se te derrubaram, levanta-te! Se não gostam de ti, ama-te! Ergue-te! Ergue a cabeça! Olhando para baixo só podemos ver os próprios pés. É preciso olhar para a frente. Tem uma atitude positiva. É sempre possível fazer alguma coisa! Qualquer coisa, mas viver!"
Viver A. Arruda, uma coisa que desististe de fazer. E eu, nesses tempos tão ignorante nestas coisas das vontades da vida e da morte. Não sabia como ajudar-te e era comigo que muitas vezes falavas. Se calhar por esse motivo. Ou simplesmente aparecias e ficavas por perto. Re-lembro-te com frequência. Disseste e fizeste coisas tão engraçadas! Tenho muitas saudades tuas.

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