Comece por fazer o que é necessário, depois o que é possível e de repente estará a fazer o impossível ¨

Foto de GuidinhaPinto: .../ ... o impossível
No meu último passeio à Baixa de Lisboa, cliquei algumas estórias. Esta é a de um pombo.
Quem já não conversou alguma vez com seu cão, gato ou pássaro doméstico? Todos nós fazemos isso. Perto das 13:00h, eu e Mãe estávamos matando a fome, com uma refeição rápida no Pan's & Company, numa das ruas perpendiculares ao Tejo. Degustando um pão de côdea fininha e estaladiça, recheada com frango desfiado, alface, tomate, maionese ... reparei num pombo (ou pomba) que esvoaçava baixo, à porta. Poisou na rua, à entrada do estabelecimento. Deu um pulinho e entrou. Chamei a atenção de Mãe. Ela virou-se na cadeira e ambas olhámos a ave, admiradas. Não demonstrava receio, picou, descontraída, todas as migalhas que encontrou no chão, caminhando e dando balanço ao pescoço, para a frente e para trás. Peguei num pedacinho da minha sandes e deixei cair junto à minha cadeira. A seguir, pousei-a no prato. Peguei no meu telélé para o trazer para casa, com um clic. Fui clicando, por diversas vezes. Ele veio vindo e parou junto dos meus pés. Picou duas ou três vezes a migalhinha, olhando-me de lado a ver se caía mais ... Continuei imóvel. Ele seguiu com uma rota certa. Qual não é o nosso espanto, entrou na zona de preparação dos alimentos - a cozinha. Está postada em cima, a foto escolhida. Notei uns olhares contrariados, outros sorridentes perante a situação. Não te envergonhes se, às vezes, animais estejam mais próximos de ti do que pessoas. Eles também são teus irmãos¨ ... Por lá esteve alguns segundos. Depois veio, com todos os vagares, tornou a passar pelos pés de quase todos os que se encontravam na loja e saiu para a rua, num voo baixinho. Acabamos a refeição, satisfeita a necessidade de alimento e em boa disposição.
Eu tenho uma bichinha em casa. Uma cadelinha. A Bi. Sempre gostei de animais e sou incapaz de pisar uma formiga. Talvez por isso eu tenha conseguido aprender de novo a viver. Estão a fazer 5 anos que me mandaram para casa. Tive de buscar novos alentos para não me desmoronar. Sei por experiência própria que os animais nos podem transmitir ensinamentos sobre a sua natureza. É bem verdade. Um jornalista norte-americano, de nome Bill Zimmerman, fez um pequeno livro reunindo lições que aprendeu com seu cão. Tomei nota de alguns princípios básicos ensinados pelo animal, a partir do exemplo e não das meras palavras, num papelito. Fui procurar na minha caixa dos papelitos por editar e encontrei. Aí estão:
* Saúde cada novo dia com renovadas esperanças. Apague da memória toda mágoa e decepção do dia anterior. (p. 2)
* Saia para o mundo para descobrir coisas novas. Use o seu faro em qualquer situação, com paixão. Seja curioso, sempre: há muito que ver e aprender. (p.1 e p.17)
* Observe o mundo à sua volta. Mantenha a guarda até que tudo se esclareça. (p. 6)
* Esteja preparado para rosnar ou mostrar os dentes para proteger o que é seu. Só morda como último recurso. (p. 22)
* Seja prático. Saiba quando latir, quando uivar, quando ganir, e, sobretudo, quando ficar de boca fechada. (p. 60.)
* Seja leal a quem cuidou de você. Não seja nunca um traidor. Não é bom ser instável. (p. 36)
* Faça longas caminhadas. Elas desanuviam o espírito. (p. 25)
* Seja amável: você sempre acha algo de bom num ser humano. (pp. 55 e 57)

Naturalmente, não só os cachorros podem ensinar os seres humanos. As lições de sabedoria estão, literalmente, em toda parte ao nosso redor. “Até pedras dão sermões”, afirmou no século IX um Raja-Iogue dos Himalaias. Devemos apenas perguntar-nos até que ponto podemos olhá-las e colocá-las em prática.
¨São Francisco de Assis

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