Notas soltas

A minha vizinha do 2º andar direito, senhora de 83 anos, válida, de perfeito juizo e independente, foi assaltada na paragem de autocarros, na Estrada de Benfica, no final da manhã de um destes dias, mesmo em frente a uma Escola Secundária. De puxão a empurrão num segundo, foi-se a bolsa. E lá ficou ela, a tremer, à espera que alguém a ajudasse a voltar para casa.

Hoje vou refletir. Sobre o nosso estado de coisas. Muito rapidamente, porque senão o meu cérebrozinho dá um nó. Há tanta informação hoje em dia, para digerir!

*Tem de haver causas para agarrar as pessoas para as levar para Comícios Políticos. Causas não faltam. Faltam é Humanistas na Política. 'Os que desfilaram no outro dia ... hum! a maioria não eram professores, via-se pelas caras (ouvi hoje na rádio)...

*Nós precisamos de ter confiança neste Governo. Para as reformas que o País tem de sofrer. Acredito que sim. Até às próximas eleições - deixem-no trabalhar.

*Toda a gente quer acabar com a maioria absoluta, mas sem ela, as reformas neste País não são feitas. Em tempos ídos, nem Guterres nem Durão nem Santana nem Portas nem ninguém conseguiu fazer nada para alterar fosse o que fosse. Ainda hoje se ouvem maus-ecos dos governos destes senhores.

*Incomoda-me o Autoritarismo do Governo e a falta de Segurança em que vivemos. E a falta de empregadores. O Autoritarismo chama-se José Sócrates. A Insegurança chama-se Nós. O grande empregador: o Estado. Pois. Vou explicar-me. Mexe comigo, o nosso 1º defender teimosamente as suas convicções, só porque sim, só porque não pode haver alternativas. Vai contra as suas promessas, mas vai. Por teimosia ou por necessidade? Pergunto-me. Por outro lado, faz-nos falta um pulso forte...

*Receio que fomos nós, povo, que perdemos referências, que deixámos que os nossos filhos e netos não reconheçam a Família, a Polícia, os Professores, até mesmo a Religião, seja ela qual for. É por nossa causa que hoje, como em qualquer América sem rei nem roque e de caubóis, jovens andam por aí, sem fazer nada, sem rumo na sua vida. Jovens que tiram cursos superiores que de nada lhes servem. 'Tu é que sabes', dizem os pais de agora. Sabem mesmo? Só para serem felizes??? É importante, mas depois? Vão ficando em casa dos Pais e Avós à conta ... a Família não pode ser uma Democracia; Outros jovens encostam uma pistola à cabeça de um seu semelhante e por nada, disparam a matar. Jovens que roubam idosos e outros jovens à nossa frente, mesmo ao nosso lado, tendo como arma um canivete, nas ruas mais sossegadas da minha Lisboa, junto a paragens de autocarros, em ruas movimentadas. Nós não dizemos Basta! Temos medos. Nós não orientamos, não vigiamos, não indagamos com quem andam os nossos jovens. Nós dizemos que a culpa é do Governo. Fácil. Nós autorizamos e até desconhecemos que eles andam nas ruas, na 'náite' a fazer disparates. 'Quem? Os nossos filhos? Impossível'. Damos-lhes dinheiro para os gastos mas eles desconhecem o esforço para o ganhar. Nós não os ensinamos a ter responsabilidades. Não lhes demonstramos, por actos, que o Bem e o Mal são ambos faces da mesma moeda, que existem. Limitamo-nos a procriar e esquecemo-nos que eles nada sabem, que precisam cada vez mais da nossa orientação, nesta sociedade em constante mutação, nesta selva hurbana. Não. A culpa não é do Governo. E nem dos Professores ... não são uns malandros. É que o ensino e a aprendizagem não podem ser tomados separadamente, pois sempre que se tem alguém a ensinar há sempre outro a aprender. Respeito, palavra que se perdeu.

* Polícias nas ruas? Não vejo. Aqui o Governo tem de intervir. Paciência. Tem de contratar mais funcionários públicos, dar-lhes formação-de-Polícias, pagar-lhes um vencimento decente e mandá-los para a rua, bem 'equipados', não para a guerrilha, mas para conviverem, aproximarem-se das populações, fazê-las sentir-se seguras.

*'Bruxelas' manda que a despesa pública desça. O Governo inventa uma nova 'Avaliação Profissional' para poder despedir mais funcionários. E os portugueses também acham que sim, que os funcionários Públicos são o cancro da nossa realidade. Desemprego aumenta? Claro! O grande empregador dos portugueses sempre foi o Estado! Mas como 'Bruxelas' mandou mandar funcionários para a rua, o Governo tem de pagar a outras empresas para que façam o trabalho. E gasta mais. E pior. Não paga. O Estado é caloteiro e Bruxelas há-de um dia dar o berro.

* Ah! As Bolsas hão-de um dia dar o berro também. Fechem-se as Bolsas já. O aumento do preço dos bens essenciais devem-se a senhores-bolsistas. Não a mais nada.

*Fronteiras abertas, lindo! Não se pode exigir que a água, azeite e vinagre, através de um despacho se misturem, se associem. Não, sem uma bos sacudidela. Um simples exemplo: Bruxelas manda fazer WC's em todos os super-mercados. Bom. A convivência é difícil entre gentes que sabem para que serve um simples WC público e gentes que os inutilizam ... porque sim; Bruxelas não manda proibir a mendicidade: Gentes que estendem a mão porque é parte integrante da sua cultura não trabalhar e gentes que sempre souberam ajudar quem precisa mas que os receia e lhes vira a cara; Bruxelas manda Integrar: Gentes que não se sabem comportar em terra alheia e não se conseguem integrar por incapacidades congénitas. E Bruxelas cria guetos. O medo, a raiva, a desconfiança e a ignorância prevalecem. Coitados de todos nós. É isto que penso.

E prontos. Nada mais sai para teclar. Já deu o nó. O meu cérebrozinho, quero dizer.
É que na prática, a teoria é outra.

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