O dia 13 de Maio no meu País, desde que dele tenho consciência, leva-me aos cheiros das velas e das flores, às imagens da mortificação individual dos crentes a pagar promessas, aos longos cantares tristes dos grupos corais, às lojinhas que vendem "souvenirs" benzidos ou impuros.
Actualmente, assisto pela televisão a alguns momentos do 13 de Maio. Ao olhar para as gentes, não entendo ainda se vêm pedir algo com muito fervor e por isso mesmo se mostram introspectivos, ou pelo contrário, vêm agradecer uma graça. O semblante é o mesmo.
E aqueles senhores de branco-creme vestidos e todos sentados em capitólio, estando presentes com a altivez de um exército ...
E se os Guardiões não estão felizes, quem mais pode estar?*
Recordo duas ou três viagens em autocarro de excursão. Eu era uma menina. Quem me levava era a prima Elvira e família, iam cumprir graças recebidas por certo. Tenho boas recordações desses "passeios" com direito a farnel, cantares e lágrimas. Recordo a quadra "A treze de Maio / na Cova da Iria / Apareceu rezando / A Virgem Maria .../ quando já perto do destino - Fátima - o organizador dava um sinal e todos começavam a cantar.
Os anos que foram passando. Actualmente, em viagens, posso passar por Fátima, o local. Posso até desviar caminho e dirigir-me à imensa Praça. Posso ir até à Capelinha das Aparições. Respeito o lugar. Talvez ternura seja o sentimento que nutro.
Sempre me impressionaram as multidões pacíficas e tristes, independentemente do local ou da data que estejam a celebrar.
Cada vez mais me sinto agnóstica. ELE, quando eu o fitar, irá perdoar os meus "pecados" e irá arranjar-me um Tzero, tenho a certeza. E se há o Céu, também há o Inferno. E o mais certo é os meus Amigos-idos estarem à minha espera neste último ;)
As mentiras mais cruéis são muitas vezes ditas em silêncio. **
*Aristóteles - A Política, Livro 2, capítulo 5
**Robert Louis Stevenson - Virginibus Peurisques (1881)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Guidinha
Desejo um bom fim de semana.
e já agora acrescento:
O sr. P. Tiago que Deus o tenha, foi quem me ajudou a crescer na fé.
Era o pároco da minha terra .
Lembro-me muito bem das suas homílias, enérgicas, batia com as mãos na estante onde estava o evangelho , adorava ouvi-lo, ele falava com tanta convicção...
e dizia a respeito, desse acontecimento das peregrinações a Fátima... que N. Senhora não queria nada desses sacríficios, que nos faziam sofrer...Ela queria que fossemos felizes e praticassemos o bem.
Que podíamos rezar onde nos desse a vontade e não era preciso fazer essas caminhadas sofredoras...
Bem, talvez já esteja a falar demais, mas como vivemos num país livre, arrisquei....
Desculpa lá os erros de pontuação é que sou um bocado distraída
bjs da guida
Guida, agradeço ter-me lido. Nunca pense que fala demais e escreva-me sempre tudo o que lhe apetecer. Dou-lhe todo o espaço. Eu gosto de a ler. Afinal foi a contar uma história que a "conheci". Beijo e boa noite.
Enviar um comentário