Sonoridade alegre

Uma sonoridade que se pode ouvir com ou sem o complemento da voz. A da concertina. Gosto muito de a ouvir. Sabe e cheira a ALEGRIA!

Foto de Guidinha Pinto: Primo Afonso, o tocador de concertina

Quando da concertina me chega o som, vou até à Beira Baixa. Com adufes, ferrinhos, reco-reco... ou só com os sons que o meu Primo Afonso tão habilmente retira da sua concertina, em belas tardes de pic-nics nas Barragens de Santa Luzia e de Pedrogão, ou em noites de Verão, depois do jantar quando se ía beber a bica ao seu "Café o Caçador" e íamos ficando, na conversa.

E na conversa estaríamos, se não ouvissemos aquele som a chamar-nos. E já ninguém ficava indiferente. Era impossível. O pé desejava pular e lá íamos, quase todos formar par com quem estava à mão (marido, prima, tio, mãe, pai, quem calhava) para começar a dar forma a uma roda e dançar ao som do fado mandado. O mandador é um homem, com voz que se ouça bem para os pares que dançam na roda não se enganarem. "E vai ao centro... isso isso... e vai de roda... isso isso" manda o mandador. Já os cantadores ao desafio são um homem e uma mulher. E poderiam ser diversos, dentro do mesmo fado. E logo ao princípio da dança, uma voz de mulher "Se queres saber donde eu sou/ Olhe prós meus caracóis/ Ai, se queres saber donde eu sou/ Olhe prós meus caracóis/ Sou do lugar da Cerdeira/ A freguesia é de Góis..." "e passa o par" ... mandava o mandador e quem fazia de mulher no par, passava para os braços de quem fazia de homem, no par seguinte. Complicado? Não! ;)

Para mim, o som da concertina é mágico. Mesmo quando já todos estavam cansados, menos o tocador, sentavamo-nos e os cantares ao desafio continuavam a cantoria, até que as vozes doessem.

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