
Fomos e já voltámos. De 5ª feira à tarde a Domingo de Páscoa de 2007. Viagem sem engarrafamentos e sem acidentes, pelo menos que presenciassemos. Sem chuva, também.
Chegámos e Mãe, Irmão, Cunhada e Sobrinha já lá estavam. Chegaram primeiro e andavam às voltas a arrumar coisas... Quando chegamos há sempre que arrumar, quando nos vimos embora, a mesma coisa ;) E desta vez foi.
Os móveis, na casinha, andaram a bailar ;). Estão melhor distribuídos. O espaço tornou-se mais funcional. Marido não gosta assim. Paciência. Pedi votação, só para tirar teimas. Ainda por cima eram 5 mulheres e dois homens. Ía obter maioria, de certeza. As mulheres perceberam o porquê da minha vontade de mudança. Enganei-me. Obtive dois votos a favor e um contra. Os restantes foram abstenção (homens 1 contra e 1 abstenção; mulheres 2 a favor 3 abstenções). A Bi, claro está comigo, não é necessário entrar na contagem (; A partir do momento do quase-por-do-sol, sentia-se aquele friozinho ...
Marido acendia o fogão a lenha. Pelo Lugar, as chaminés fumavam. E estamos já na Primavera. Tempo frio este. Abaixo de zero à noite. Mas foi muito bom irmos todos. Sete mais Bi. Ver água a correr, cabrinhas a pastar, ouvir os badalos a tocar, o cheiro a terra molhada, os estorninhos e os melros, as vozes ao longe, os sorrisos dos outros que também resolveram vir passar a "Páscoa à terra". Este ano, não houve a tradicional visita Pascal. O Padre de Góis já é idoso e não onsegue dar a volta àos lugares todos da Freguesia (ou da paróquia?!). Sábado, Cunhada perguntou-me se queria ir com ela à Ribeira, povoação a pouca distância da nossa, pela estrada estreita sempre a descer, onde parecia haver uma festa. Pela primeira vez, em mais de 16 anos, saímos juntas. Como mais ninguém quis vir, ora, fomos as duas. Chegámos e havia reunião de pessoas junto
à Casa de Convívio. Um porco no espeto ou o que restava dele, ainda aromatizava a rua. As pessoas cumprimentavam-nos. Afinal, Cunhada é mais conhecida que eu. Eu apresentava-me como sendo Irmã de fulano e toda a gente me identificava a seguir. É que eu é que "sou de lá" mas não "combibo" tanto como Irmão e sua família convive. E fico a perder. Os conhecimentos, claro está. Fomos cumprimentando e entrando. Lá dentro, ouvia-se Fado tocado a três - concertinas e acordeão - e cantares ao desafio. Os pézinhos começaram logo a acompanhar o ritmo ;). Bancas rodeavam o perímetro da sala, cobertas com as tradicionais mantas de trapos, onde licores, broas, doces de abóbora e de marmelo, mel, feijão, ovos, queijos de cabra, chouriços, meias e luvas feitas com 5 agulhas, à moda antiga, até brincos, anéis, colares de pechisbeque (metaforicamente falando) eram apresentados, para venda claro. As Comissões de Festas precisam de dinheiro. É um exemplo a seguir pelas pessoas do meu Lugar. Foi a primeira vez que assim empreenderam angariar fundos e estava a dar muito bom resultado. As pessoas da terra e os visitantes assim o consideraram. É muito mais saudável, interessante e engraçado haver bancas com os produtos da terra que passar as Festas a ouvir "quem dá mais".E colocou-se-nos um dilema: Estamos tramadas.
Conhecer quem vende e não comprar nada, ou pior, comprar a uma e não comprar a
outra ... mas comprar a todas? E rimos. Eu e Cunhada, aos beijos e cumprimento, banca sim banca não, comprava eu, comprava ela. Não nos contivemos e provámos os licores. Gostámos muito do de figueira. Comprámos o de figueira. Os queijos inteiros, que quando perguntei se "foram feitos por si", a vendedora pegou num e cortou-o logo alí em grossas fatias para o provarmos : "Isso é muito grossa, corte ao meio, dá para as duas" "Nã! Assim nem dá pra boceses probarem, tomem, comam", disse rindo e espetando um palito em cada uma. E compramos queijos de cabra. "E o chouriço, foi você que fez?" Já ía pegar num para o dar a provar. Levei um ao nariz e disse "Não, não é preciso abri-lo, huuumm! pelo cheiro que tem é daqui mesmo!" E comprei chouriço. Tudo se passou no meio de toques de concertina e acordeões, vozes altas, cantares ao desafio, beijos, perguntas, respostas. A partir de algum tempo, já tinhamos dado a volta a tudo, este ambiente ficou explorado ... e Pedro (S. Pedro :)) resolveu mandar umas núvens escuras, carregadas de água. Foi a nossa salvação. Vamos indo que está a ficar escuro.
"Bão bão, que estão longe de casa e bem aí uma boa carga". Carregámos os saquinhos e os cumprimentos até ao carro e de volta a casa. Quando chegámos, já pingava. As Mães quiseram saber tudo e tudo lhes foi contado. Havia música? Hã! que pena. Se soubesse tinhamos ido.Os 3 dias passaram depressa. Quando estavamos a saborear a estadia ... acabou. Hora de fazer as malas, tapar móveis e regressar. Foi bom e como tudo o que é bom ... acaba depressa.
Esta estória é dedicada ao Senhor meu Pai.
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