Fatias Douradas - estória de 2005


Foto de Guidinha Pinto: A Árvore de Natal da Lili
Para este Natal de 2005, já adquiri as lembranças que quero oferecer aos Amigos e Familiares. Já telefonei, enviei e-mails, e sms's desejando Boas Festas.
Tem sido sempre assim, desde que tenho a consciência... Natal é igual a troca de lembranças e, ah! também é tempo das fatias douradas. É delas que quero falar. E de meus Pais.
Pai não tinha
jeito para cozinhar ;) mas no Natal, era outra a disposição. Na véspera era vê-los comprar o pão - tinha de ser de véspera. Mas na manhã de 24, entre ambos dividiam as tarefas de cortar o pão, bater os ovos, misturar a canela (abençoada casquinha) com o açucar, colocar a gordura na frigideira. Mãe, molhava a fatia no leite, passava no ovo batido e fritava a fatia húmida, em óleo quente; bastavam alguns minutos e era pô-la a escorrer em papel pardo. Pai, pegava na fatia escorrida, e envolvia-a no açucar "encanelado". E aquele pedaço de pão, que virava Fatia Dourada era colocada lado a lado e depois em camadas, como se de uma torre se tratasse, dentro da "Travessa das Fatias". Aquele cheirinho, aquela côr acastanhada, misturada com as luzes da Árvore de Natal que piscavam ao lado dum presépio arquitetado sobre musgo, apanhado por nós, nessa altura e durante alguns anos na Serra do Monsanto, a telefonia a tocar Músicas de Natal em brasileirês e em inglês, essas imagens, sons e cheiros estão no meu cérebro. Gravadas. Como posso esquecer? É como esquecer que há Natal uma vez por ano! Desde 1999, o grupo familiar de 7 pessoas, passou para 6. Ah! mais a Bianca, que não é pessoa nem come fatias douradas. Somos realmente pouquinhos. A Mãe, virou Avó de sua Netinha, há 14 anos. É a Avó, sozinha, que se encarrega de fazer as Fatias Douradas desde que o Senhor meu Pai deixou de ser visto. Para mim, Ele está presente, mas não se vê, não se deixa tocar. E todo o Santo Natal de cada Ano ela repete: - Mas querem mesmo que eu faça as fatias? Custa-me tanto fazê-las sózinha... tenho medo de me queimar... - Ronha... ela gosta de fazê-las. É o seu ex-libris. Depois, à mesa, quando olhamos para a torre com garfo em riste, pergunta: - Então, este ano estão boas? Se estão! Cada ano que passa, melhoram :)))
Independentemente do local da reunião familiar, eu, a Filha de Minha Mãe, exijo a presença das Fatias Douradas. Enquanto houver a presença delas na mesa de Natal, é sinal que a Senhora Minha Mãe está presente, eu toco-a, eu cheiro-a.
Querem todos trocar presentes? Ok. Mas eu também quero as Fatias Douradas da minha infância.
Melhor do que todos os presentes, em baixo da Árvore de Natal, é a presença de uma Família Feliz... e das Fatias Douradas da Senhora Minha Mãe.

2 comentários:

Anónimo disse...

:)

Guidinha Pinto disse...

s.a.s, quem és tu que gentilmente me leste e me ofereceste um sorriso?