Casinha a fazer-se (Fotos da nossa autoria)

João, Mário e Quitó, os "que sabem fazer as coisas", com Casinha em fundo.

4 dias no Carnaval. Marido, Bi e eu virámos a Norte. 6ª feira, após o trabalho, carregámos o carro e rumámos à terrinha. Connosco, dentro da Ford Transit a abarrotar de cheia, iam "quem sabe fazer as coisas" , para vestir o chão e o alpendre. Dar vida por dentro transformando com pinceladas, o escuro do cimento das paredes e dos tetos da Casinha em suave branquidão. Bem, estava um frio :( com a Estrela mesmo ao lado.


A Estrela, branquinha.

E alguma chuva até Sábado. Lembrei da lenga-lenga da cantiga, escrita num papelinho por mim e guardada na "pasta dos papelinhos":
- "Olha que chuva boa prazenteira / Que vem molhar minha roseira / Chuva boa criadeira / Que molha a terra / Que enche o rio / Que limpa o céu / Que trás o azul" *

À noite, o vento parecia querer limpar as núvens e o céu-estrelado, apareceu. Deitar tarde, que a cama e o quarto estavam mais frios que a sala, aquecida pela salamandra sempre em fogo e pelas conversas animadas, por vezes disparatadas, de 7 pessoas cansadas.

Levantar cedo, trabalhar, porque era preciso e também para aquecer. Domingo, realmente nasceu azul. O Sol quente derreteu o gelo que durante a noite fria, cobriu o verde dos campos. E das pedras também. De vez em quando, atrevo-me a espreitar como está a ficar aquela "belezura". No local onde será a cozinha, os vidros embaciados da porta, que abre para o Páteo lateral forrado a lage, são limpos com a minha mão, embaciados que estavam pela minha respiração. Espreito. Um passarinho, "mora ao lado, e passeando no molhado, adivinhou a primavera"*

A Primavera! Mas que fria! Regela até os ossos. Ouço-me a "apitar". Como me faz mal o frio... e estou que pareço uma cebola, com 3 camadas de roupa quente. E uma manta a cobrir-me a cabeça e metade do rosto. Mascarada de bruxa... é Carnaval! No dia da partida - 3ª feira de Carnaval, surpresa. Hora de almoço e nós prontos para matar a fome, quando um ruído de um carro que se aproximava e parou, nos surpreendeu. De dentro saiem Mãe, Irmão, Cunhada e Sobrinha-Afilhada. Carrinho novo, vaidosos, a fazer rodagem. Almoço combinado por eles, pelo telefone, nessa manhã - chanfana - no Primo Afonso, o Caçador. Abraços, beijos, que surpresa boa! E a visita à Casinha. "É linda", disse a senhora minha Mãe quando a foi olhar. Deixou de a ver em fins de Agosto último. Como tudo o que se destina a crescer, a Casinha começa a ganhar alma. "Que a gozes com muita saúde", foi o seu desejo. E que assim seja, é o meu.

* Tom Jobim

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