Um som novo


Foto: Autor desconhecido
Viemos de férias, na Serra da Lousã. De um lugar chamado Cerdeira de Góis, com Penedo a 1000 e poucos metros de altitude, mesmo em frente. Desde que me conheço é a minha segunda terra, já que sou alfacinha de segunda geração. Estava verde o meu sítio. Tudo o que o meu olhar abrangia, ao redor desse Lugar, estava verde. Este ano, o meu sítio passou despercebido, mas por pouco. O fogo andou perto. Senti alguma migração de criaturas da floresta. Muitos esquilos. De ornitologia pouco ou nada sei. Mas identifiquei pica-paus, popas, pardais, piscos, andorinhas, melros, aves de rapina em altos voos. Mas uns pássaros pretos, granditos, mas que não eram melros, esses não. E pela primeira vez ouvi um canto que me aguçou os sentidos. Perguntei a quem sabia, sobre aquele som de assobio e silvo. Eram estorninhos. De Mozart, sei que escreveu uma melodia inspirada no canto do estorninho. E que os estorninhos gostam de fazer os ninhos nas caixas dos estores. Mas mais nada! E agradeci. Senti-me invadida por um sentimento de gratidão. Vi um estorninho, aos pulinhos sobre o telhado da minha casa em construção e ouvi o seu canto. Pela primeira vez. Em 52 anos.

Sem comentários: